Muito tem se falado essa semana sobre o contrato assinado entre a Digital Display Networks e a rede de lojas de conveniênvia 7-Eleven. Com 60 lojas instaladas atualmente e 6200 previstas até o final de 2010, vão impactar uma audiência de 190 milhões de pessoas, tornando-se, segundo o release a maior rede de Digital-out-of home dos EUA.
(Nota do autor, a empresa onde trabalho atualmente tem um projeto instalado em um cliente com 12 mil pontos nos EUA, a Accent Health, provavelmente a maior rede de DOOH nos EUA, em número de pontos instalados.)
Venho ouvindo falar sobre o projeto do 7-Eleven desde que comecei no Digital Signage. De lá para cá constatei que o segmento de lojas de conveniência é, ao menos no Brasil, consideravelmente mais desafiador do que o originalmente esperado. Nesse período vi uma rede iniciada em 2005 nas lojas da Ipiranga iniciar e falhar, e da mesma forma tenho alguns clientes, empresas sólidas em nosso mercado, que não tem encontrado facilidade em operar nesse segmento. Acredito que analisar a experiência internacional no passado possa nos trazer luz e realizar as dificuldades que a DDN vai ter que enfrentar..
Por volta de 1999-2001 uma das mais badaladas empresas de Digital Signage era a Next Generation Networks (NGN). A empresa levantou $96 milhões de USD$ no mercado e preparava-se para um IPO, até explodir junto com a bolha da internet.
A primeira iniciativa da 7-Eleven foi um contrato com a NGN nessa época. O acordo previa um pagamento mínimo de $3 milhões por ano e uma multa de $150 mil por loja se a NGN não atingisse as 4800 lojas instaladas no prazo estipulado na época (3-4 anos). Uma outra cláusula dava o direito ao 7-Eleven terminar o relacionamento com um aviso prévio de 30 dias caso essa marca não fosse atingida.
A NGN desembolsou milhões em multas e não conseguiu atingir as metas esperadas, somando aos custos elevados da operação. O mix de anunciantes nacionais vs regionais era bem menos compreendido do que hoje e a NGN falhou também em diversos aspectos de sua estratégia comercial. O que restou da empresa entre bens e tecnologia foi adquirido pela Regal Cinemedia, no entanto, não havia muito a ser aproveitado, a tecnologia proprietária também já se encontrava defasada pouco depois (ao contrário do que se imagina, desenvolver software para o segmento exige investimento contínuo e a um custo alto).
O 7-Eleven não investiu nada nesse contrato, tudo correu por conta da NGN. Atualmente, qualquer bom profissional do segmento sabe que o varejista tem que estar envolvido em alguma parte do risco para que o projeto tenha chances de sucesso. A parceria com a NGN foi totalmente unilateral.
Não tenho maiores detalhes sobre o acordo com a DDN, mas acredito que de maneira similar vão arcar com todo o investimento para o 7-Eleven TV. Se assim for, é bem provável que esse projeto venha a encerrar com outra startup no segmento.
Comentários