Ao longo do ano passado muitos de nós pudemos acompanhar e até participar das iniciativas da Philips com 3D no Brasil. A criativa equipe local conseguiu utilizar o bom "jeitinho brasileiro" e driblar várias adversidades relacionadas ao alto custo do equipamento e produção. Diversas das principais empresas de digital signage do mercado brasileiro firmaram parcerias com a Philips e chegaram a instalar alguns projetos, oferecendo indicação de que os resultados seriam demorados, mas que o mercado acredita nessa tecnologia.
Li recentemente que a Philips decidiu abandonar sua iniciativa 3D e inclusive vai dar os plugins (antes cobrados) necessários para a produção, a fim de não perpetuarem custos com suporte ao produto.
Pessoalmente acredito que o mercado 3D ainda está bastante distante de sua maturidade. No Digital Signage Expo em Las Vegas no final de fevereiro, os principais fabricantes apresentavam modelos 3D. Sua expectativa é que em algum momento estejamos assistindo o futebol de domingo e a programação normal da TV em uma tela 3D na sala de nossas casas. (Fiquei com uma tela antiga da NewSight emprestada pelo Michael da 3D impact na sala de minha casa por algumas semanas. Fazendo testes com amigos e família, constatei que, por exemplo, pessoas da geração mais nova e habituadas a passar horas em frente a um PC, acharam tranquilo ficar expostos por um longo tempo a programação 3D. Por outro lado, nas pessoas acima de 50 anos tive uma maior incidência de desconforto).
Como profissional da área, os problemas que encontrei foram técnicos. A conclusão atual é que o 3D é uma excelente ferramenta para ações pontuais ou "stand-alone" mas que a tecnologia ainda não está devidamente preparada para grandes redes. O principal problema que percebi é que as telas dependem de um "media player" proprietário. Dessa forma, empresas que já trabalham com um software de digital signage precisam integrar seu player a esse "media player" proprietário. Na prática, os principais fornecedores globais de software investiram milhões de USD no desenvolvimento de seus "players" e não necessariamente lhes agrada transferir o controle para um player proprietário com, tipicamente, bem menos tempo de P&D e desenvolvimento. O resultado é que todos os testes que vi, a integração não passou no processo de "Quality Assurance" das fornecedoras de software -> ou seja, a integração não é confiável para operações 24/7 ou em larga escala.
Mencionei no meu post sobre o DSE o produto da Alioscopy, essa empresa desenvolveu a tela de certa forma que a exibição do 3D independe de um player proprietário (ou seja, pode funcionar com qualquer software "player"). O segredo é um plugin na hora da produção do conteúdo (a ser adicionado no After Effects por exemplo). Por enquanto a tela ainda é cara e ainda há alguns problemas relacionados ao tamanho dos arquivos (que impactam na distribuição do conteúdo para múltiplas telas, por exemplo) e outros aspectos de construção, no entanto, acredito que esse é um melhor caminho a ser seguido, garantindo maior interoperabilidade e diminuindo uma barreira para a integração com fornecedores existentes de software.
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